Flores de Luna

Tudo que preciso agora é de boa música, talvez uma taça de vinho e alguns papeis pra começar a rabiscar. A noite cada vez mais próxima vai modificando os tons de azul do céu aos poucos e meus pés cansados pedem que eu os descalce e ande pelo jardim sob a grama úmida, sem muita dificuldade realizo o pedido, pois adoro fazer isto desde os tempos de menina, quando a vida era menos corrida. Voltando aos papéis, preciso contar da experiência da noite passada e a visita que recebi.

Ela era sorridente, um tanto atrapalhada, doce ao falar, usava um vestido azul com balinhas brancas e tinha um perfume familiar, talvez das flores do parque Luna, onde eu ia com minha avó, ou então de uma perfumaria barata qualquer, não tem muita diferença. Devo lembrar que ela também tinha um belo porte de bailarina, quando não se atrapalhava com o cesto cheio que trazia nas mãos, o conteúdo dele eu não pude identificar, seria uma intromissão da minha parte perguntar o que era, mesmo morrendo de curiosidade. Depois de me olhar com os olhos cintilando de alegria a doce menina me deu um forte abraço e disse as seguintes palavras:

"Permita-se conhecer o mundo com leveza e não se preocupe se já passou muito tempo, se ainda resta vida tudo é possível, demonstrar o seu amor não é bobagem e o mundo merece ver o que existe na essência do seu velho sorriso. Permita-se esboçá-lo outra vez incentivada por ninguém mais que você mesma, a dona do poder da mudança!"

As palavras dessa menina nunca mais sairão da minha mente, pois ela é o primeiro dos muitos capítulos da minha história.