Vista do terraço

O céu está tingido com tons de amarelo derretidos num azul que começa claro e lá em cima, perto da primeira estrela a resolver mostrar seu brilho, vai ficando escuro e dando um ar de noite. Do lugar que estou avisto a torre de uma igreja iluminada por um luz forte à sua frente, daqui do terraço de onde estou é perigoso ficar, devido a falta de muros de proteção,não ligo pra isso, no momento sinto o som da noite demonstrado no balançar leve e calmo dessas árvores que mais parecem coqueiros, mas me disseram um dia ser outro nome e isso não me interessa agora, então esqueçamos a denominação e vamos voltar ao que dizia antes: o som da noite e tudo ao seu redor.

As janelas com película roxa do prédio ao lado estão semi-abertas para a brisa entrar, que bom que ainda há quem aproveite uma boa brisa ao invés de se refrescar artificialmente, aquelas poucas nuvens cinza à frente podem ser sinal de chuva ou chuvisco, porém não me importo se não trouxe uma proteção porque eu gosto do leve frio que gotas ralinhas me causam. Olhando a paisagem não modificada sinto uma leveza e uma calma, mas vendo esse prédio aqui percebo ser tudo tão simétrico e bem posicionado, com a exceção da minha pessoa que nem mesmo sabe o que veio fazer aqui, pois meu mundo é tão assimétrico e de tons variados como observei primeiro desse ponto que estou. Espera um pouco, ou melhor eu tenho que me despedir, só agora percebo o quanto foi ficando tarde, a mochila nas costas só agora mostrou seu verdadeiro peso e o céu colorido agora é só de um azul muito escuro. Percebi só agora também que já não posso fotografar a primeira imagem que vi desse lugar, entretanto nas memórias da minha alma essa noite e essa vista nunca vão se apagar.